Marcelo Madeira
A lenda do Guaraná
Dentre as 25 mil espécies de plantas da floresta amazônica, o guaraná é sem dúvida a mais popular. Desde os tempos mais remotos suas propriedades são utilizadas para fins medicinais.
Os índios da Amazônia mastigavam suas sementes acreditando assim obter energia suficiente para longos combates.
Hoje, os cientistas já admitem os efeitos terapêuticos do guaraná. Estudos mostram que o guaraná promove a dilatação dos vasos, facilitando a circulação sanguínea.
Além disso, o seu uso frequente ajuda a atividade mental ao inibir a produção de escopolamina, uma substância que provoca amnésia.
Muitos especialistas estão de acordo ao afirmar que o guaraná revitaliza a memória e melhora as condições gerais do organismo.
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Uma história curiosa
Os índios da Amazônia estavam certos. Diversas tribos consideravam o guaraná uma planta sagrada. Seus efeitos são surpreendentes, mas a história de sua origem é ainda mais curiosa.
Reza a lenda que um casal da tribo de índios maués não podia ter filhos. Pediram então ajuda a Tupã, o rei dos deuses. Tupã ao ver a angústia daquele bondoso casal concedeu-lhes a graça de uma criança, um belo menino forte e sadio.
Com seu carisma e simpatia a criança logo conquistou os corações de todos os índios da tribo. Era um menino alegre, peralta e inteligente. Mas suas qualidades despertaram a inveja de Jurupari, o espírito do mal.
Um dia, quando o pequeno curumim se distraiu colhendo frutos na floresta, Jurupari o seguiu em forma de serpente e, na primeira oportunidade, abocanhou o calcanhar do menino expelindo o seu veneno. A pobre criança desfaleceu e caiu morta no chão.
Seus pais correram desesperados em direção ao filho, mas já era tarde demais. A tribo inteira aos prantos se reuniu em torno ao corpo do menino. De repente, ouviram um estrondo no céu e um raio atingiu a árvore mais próxima. Sua mãe levantou-se, enxugou as lágrimas e disse:
– É Tupã que chora a perda de nossa criança. Ele assegura que se plantarmos os olhos do meu filho nascerá uma planta cujo fruto será nossa felicidade!
Os índios obedeceram aos desejos de Tupã. Enterraram os olhos do menino como se fossem sementes em terra fofa. E deles nasceu o guaraná que em língua Tupi quer dizer “bagos que se parecem com olhos de gente”.
Artigo de Marcelo Madeira