Marcelo Madeira
Saturno, o regente do ano 2017
Atualizado: 13 de nov.
O artigo foi escrito em 2017, mas vale a reflexão pros dias de hoje.
Saturno é a denominação romana de Kronos filho do casal mais antigo da mitologia grega; Urano, a abóboda celeste e Gaia, a mãe Terra. Kronos simboliza o Tempo, por isso, a origem das palavras; cronologia, crônica, cronômetro relacionadas à tempo e temporariedade.
Seu pai, Urano com receio que os filhos tomassem-lhe o poder, esconde-os num calabouço. Kronos, o filho mais jovem se revolta e com a ajuda da mãe, Gaia, à golpes de foice, corta o sexo de seu pai e depois o mata.
Para manter-se no poder, como o Senhor do Universo, Kronos passa a devorar todos os seus filhos, com excessão de Zeus. Este por sua vez, fora escondido pela mãe Réia e mais tarde infligiria ao pai o mesmo destino do avô. Zeus, ou Júpiter na mitologia romana, torna-se assim o Deus dos deuses.
Este é Saturno, o velho com a foice. Há um quadro maravilhoso de Goya que o mostra devorando os filhos. Saturno é limitação, controle, disciplina, direção, concentração nos propósitos, foco. Se o sujeito sair da linha, zap, conhecerá a foice de Saturno. Perdeu o foco, zap, a foice de Saturno. Saturno é o Tempo, Kronos, e com Saturno não se pode ter pressa. “Good things need while” (Coisas boas necessitam de tempo) disse-me um dia um velhinho inglês sentado num banco de praça. Isso é Saturno, frio, duro e severo, aquele que impõe o caminho e o destino.
Segundo a astrologia, 2017 será regido por Saturno. Durante 36 anos, nosso planeta foi regido pelo Sol, e a partir de 2017, o ciclo do Sol termina e com ele, o ciclo do ego, do que é externo, exposto, manifesto. E agora inicia-se o ciclo de Saturno, Kronos, o pai devorador de filhos. O limite, o rigor, o senso de dever. Se usada com sabedoria, a energia do planeta Saturno, favorece a resiliência e a força do caráter, se for mau usada, poderá causar medo, angústias e relutância de tudo que é novo e desafiador.
E não há melhor imagem para 2017 do que aquela do eremita subindo a montanha. Depois de reunida toda a nossa essência é chegada a hora de dirigir-se ao cume. Com disciplina, seriedade e principalmente, muito discernimento nas escolhas, nas metas e nos objetivos. É tempo de arregaçar as mangas e iniciar o trabalho que nos levará as bases de uma nova estrutura, ao amadurecimento.
O ciclo solar do espontâneo e do externo dará lugar ao introspectivo, ao interno, ao invisível. Um trabalho interior em cada um de nós será necessário. Porque elevar-se ao topo da montanha não é para fanfarrões, subir a montanha exige provações e tempéries, é remover obstáculos e submeter-se a inúmeras provas de superação. Isso é subir a montanha. E Saturno estará lá, o ancião com a foice em punho, pronto pra ceifar as consciências que insistem em não se comprometer com a chegada da nova era.
Artigo de Marcelo Candido Madeira
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